Ilustração de uma mulher com um vestido preto, uma bandana azul e um cinto azul, rodeada de penas cor-de-rosa e uma fénix colorida sobre um fundo laranja.
História

O estilo Flapper

Qual é o significado de «flapper girls», uma figura da moda da década de 1920?

por
Marta Franceschini (abre numa nova janela) (European Fashion Heritage Association)

A «flapper» foi uma figura da moda dos anos 1920, que personificou o espírito alegre da década.

O que significa «flapper»?

Embora a verdadeira origem da palavra seja controversa, nos anos 1920 «flapper» passou a designar mulheres jovens que expressavam a sua liberdade através de um estilo moderno e arrojado.

A 30 de Novembro de 1927, um jornalista da revista britânica Punch escreveu:

«Flapper» é a palavra da moda na imprensa popular para uma mulher adulta trabalhadora, entre os vinte e um e os trinta anos, quando se trata de lhe conceder o voto nas mesmas condições que os homens da mesma idade.

fotografia a preto e branco, uma mulher com cabelo curto e ondulado, vestindo um vestido com detalhes em pelo, a posar sentada num parapeito.

As «flappers» personificavam o espírito alegre e proativo dos anos 1920, uma verdadeira década de revolução em muitos aspetos. Imediatamente após o fim da Primeira Guerra Mundial, o panorama social estava predisposto a mudanças, e as mulheres lutaram para não perder o papel ativo que tinham conquistado perante a sociedade durante os difíceis anos de guerra.

Marga Graf, uma estrela de opereta austríaca que encontrou a sua segunda casa nos Países Baixos, apresenta um desempenho arrebatador num vestido “flapper” adaptado aos seus movimentos de dança, 1922. Netherlands Institute for Sound and Vision, Public Domain.

Os chamados «Loucos Anos Vinte» foram um período de progresso tecnológico, cultural e social, de novos rendimentos e de uma riqueza surpreendente. Todos estes fatores levaram as mulheres a vitórias duramente conquistadas, como o direito de voto, de frequentar a universidade, de trabalhar e de se sustentarem, caso o desejassem: um mundo novo repleto de oportunidades.

Ilustração de quatro mulheres em vestidos de noite dos anos 1920, exibindo designs e padrões detalhados. Elas aparecem em várias poses, destacando as costas e os detalhes das peças.

Estilo de vida tornou-se a palavra-chave que definiu o renovado interesse em participar na vida social agitada da cidade. A música desempenhou um papel central com o surgimento do jazz e do Charleston, e a abertura de clubes para beber e dançar impulsionaram o design de roupas e acessórios cada vez mais extravagantes.

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A numerosa clientela da moda “flapper”, frequentemente jovem, mostrava-se mais do que disposta a investir em trajes glamorosos, aproveitando a prosperidade económica do pós-guerra.

Close-up de um tecido com bordado dourado intrincado, padrões florais a vermelho e azul, e pequenas pedras preciosas.

Um dos autores mais associados à descrição deste cenário é F Scott Fitzgerald, criador de romances intemporais como O Grande Gatsby e Este Lado do Paraíso, e do volume de contos Flappers e Filósofos. Todas estas obras apresentam personagens femininas que personificam a essência e o visual das «flappers».

Em que consistia a moda «flapper»?

Vestido sem mangas com lantejoulas exibido num manequim, com corte solto e decorado com estampados florais cor-de-rosa.
Um vestido sem mangas com lantejoulas douradas exibido num manequim.

As características fundamentais dos vestidos das «flappers» refletiam o seu estilo de vida dinâmico. Eram direitos, sem mangas e soltos, normalmente feitos com tecidos leves e arejados. Não tinham espartilho, baseando-se antes numa silhueta bastante simples: um retângulo de tecido que caía sobre um corpo esguio sem o apertar de alguma forma.

As possibilidades infinitas de adornos, que muitas vezes incluíam lantejoulas e missangas nos designs mais deslumbrantes, permitiram às mulheres explorar e expressar o seu estilo e identidade como nunca antes.

Ilustração de uma mulher de vestido e chapéu de penas, a ajustar as meias.
Ilustração de moda de uma mulher com um vestido turquesa e preto, sem alças, até ao joelho, com um grande laço na cintura.

Devido à simplicidade do corte e da confeção, estas peças prestavam-se facilmente a serem feitas em casa. Muitas revistas propunham moldes para facilitar a reprodução do visual da moda.

Os vestidos também permitiram, que as mulheres mostrassem algumas partes do corpo pela primeira vez na história: conta-se que as «flappers» aplicavam blush nos joelhos para chamar atenção para as pernas, que agora ficavam à vista graças às saias mais curtas e à maior liberdade de movimento.

Manequim a usar um vestido sem mangas até ao joelho com padrões complexos e um design de missangas.

Para completar o visual, as «flappers» eram frequentemente vistas a exibir maquilhagem ousada e cabelo curto em «bobs» arrojados, protegidos por chapéus clochê durante o dia, decorados com enfeites e penas.

Fotografia a preto e branco, duas pessoas, uma delas com casaco de pele e chapéu clochê; a outra veste um fato, sobretudo e chapéu.

Quem foram os designers da moda «flapper»?

Quem vestia estas jovens deslumbrantes que dançavam freneticamente o charleston em noites intermináveis de festa?

O designer francês Jean Patou é considerado um dos primeiros a criar silhuetas «flapper» para serem usadas na Europa e, ainda mais importante, para exportação para os ricos Estados Unidos da América. Outros talentosos criadores também contribuíram para o sucesso da silhueta simplificada e da atitude «masculina» na moda, como a famosa Coco Chanel.

Um manequim exibe um vestido preto sem mangas com um decote em V profundo e bordados coloridos e complexos, com padrões que fazem lembrar fogos de artifício.

Para além de França e dos EUA, o estilo conquistou também o resto da Europa, com inúmeras casas de moda e boutiques a lançarem a sua interpretação do vestido «flapper» que eventualmente acabou por se tornar no símbolo de uma atitude global face aos tempos de mudança.

Ilustração de uma mulher com um elegante vestido branco com uma faixa verde, a segurar uma flor, de pé, diante de um cenário de cachos de uvas e videiras roxas.
Ilustração dourada de uma mulher com um vestido sem mangas, pelo joelho, com padrões geométricos.

Até mesmo as icónicas casas de alta-costura como Charles F Worth e Paul Poiret exploraram o estilo “flapper”, tal como Madeleine Vionnet e Elsa Schiaparelli, que mais trade transformariam esta silhueta aparentemente simples nos glamorosos e sensuais vestidos em viés que acentuavam os corpos das femme fatales - as novas mulheres dos anos 1930.

Um manequim exibe um vestido branco sem mangas, com contas e padrões de ondas intrincados sobre um fundo escuro.

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This blog is part of Europeana XX, a project co-funded by the European Union that focuses on the 20th century and its social, political and economic changes.